quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Curinga" da Peugeot, hatch 308 chega por R$ 53.990

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Belos traços do 308 querem repetir sucesso do antecessor 307: 45% dos donos compraram o hatch pelo design

No jogo de cartas, o curinga costuma mudar o rumo de uma partida. É a única carta do baralho capaz de trocar de valor aleatoriamente, para alterar uma combinação de outras cartas. Salvo as devidas proporções, o 308 hatch, que a Peugeot lança essa quarta-feira (15) no Brasil, desembarca da Argentina quase como um curinga. Além de suceder o cansado 307, o modelo médio promove a estreia do motor 1.6 16V flex, chamado pelo código EC5 e o primeiro bloco a usar o “Flex Start”, sistema (fornecido pela Bosch) que elimina a necessidade do tanquinho de gasolina.
Outro aspecto inovador do 308 são as luzes diurnas de leds. Dentro do segmento de hatchs médios, o novo Peugeot será o primeiro a oferecer o item – filetes em “L” deitado contornam a seção dos faróis de neblina verticais. Só que os leds serão oferecidos apenas na versão top de linha Feline, como equipamento de luxo. Para completar, o modelo chega atualizado em relação ao similar francês, vendido na Europa desde o fim de 2007 (e reestilizado em 2011). Quer dizer, o 308 já tem alguns anos de estrada, mas chega ao Brasil cheio de renovações.

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Falsas saídas de escape na traseira foram criadas especialmente para os mercados sulamericanos

E é com base nessas modernidades que a Peugeot vê no novo hatch médio potencial para começar a virar o jogo – tal como um curinga do baralho. Nos últimos dois anos, especialmente, a montadora francesa perdeu terreno no mercado brasileiro. Em 2011 foi apenas a 10ª colocada no ranking de vendas e quase ultrapassada pela sul-coreana Kia Motors. Nesse jogo, mais que vender, o 308 chega para se tornar referência em sofisticação e estilo. Mesmo assim, a Peugeot espera quase dobrar as 6.647 vendas do 307 no ano passado, somando 12 mil unidades até dezembro.
Para tanto, o 308 chega em cinco versões a preços competitivos e com listas de série muito bem pensadas. O Active 1.6 manual, modelo mais em conta, parte de R$ 53.990 e traz de fábrica um pacote sedutor de equipamentos: ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, “trio” elétrico, rodas de liga leve aro 16, rádio/CD com o conhecido comando satélite no volante, computador de bordo, airbags frontais e freios com ABS, EBD e assistente de emergência BAS. O bloco 1.6 litro segue sob o capô na versão intermediária Allure, que passa a R$ 56.990 e traz uma lista ainda mais atraente.

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Interior da versão top Feline impressiona pela sofisticação; materais são de bom gosto, mas GPS é opcional

Nível de acabamento é ponto forte
A partir de R$ 59.990, a configuração Allure passa a usar o conhecido bloco 2.0 flex, que equipa o sedã 408 e os médios da parceira Citroën. O motor produz 143/151 cv de potência e torques de 20/22 kgfm aos 4.000 giros e pode vir acoplado ao câmbio manual de cinco marchas ou ao (veterano) automático sequencial de quatro velocidades – com esta caixa, a versão Allure sobe a R$ 63.990. No topo da gama fica a tradicional configuração Feline, vendida apenas com a transmissão automática a partir de R$ 70.990. Nela, a lista de série ganha corpo e muita sofisticação.
Há itens como controle eletrônico de estabilidade e seis airbags (frontais, laterais dianteiros e de cortina) na segurança. O sistema de som ganha conectividade, com Bluetooth e entradas auxiliar e USB. E o nível de conforto é sensivelmente maior, com forração em couro e sensores de chuva, de luminosidade e de obstáculos traseiro. Curiosamente, o nível de acabamento não muda muito da versão Active para a Feline. Tirando o couro dos bancos, o painel usa materiais muito agradáveis aos olhos e ao toque. A sensação de qualidade é indiscutivelmente um ponto alto no hatch.

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Versão básica Active 1.6 é bem mais despojada por dentro, mas ainda impressiona pelo bom gosto das peças

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Peugeot diz que porta-malas do 308 é o maior da categoria: compartimento leva 430 litros, segundo a fábrica

Primeiras Impressões: 308 Allure 1.6 Manual
A Peugeot escolheu a histórica cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, para apresentar o novo 308 no Brasil. A ideia da montadora foi resgatar seu próprio passado, que mantém ligação estreita com a história do automóvel no país – no fim do século XIX, o revolucionário Santos Dumont trouxe o primeiro veículo ao Brasil, um Peugeot. Passado mais de um século desde então, o 308 também quer mudar o cenário. As 12 mil unidades desejadas pela Peugeot parecem tímidas perto dos quase R$ 36 mil emplacamentos do Hyundai i30, líder entre os hatchs médios em 2011.
Mas é possível esperar bons momentos do 308 nos próximos meses, sobretudo nas versões Active e Allure equipadas com o novo motor 1.6 16V EC5. Esse novo bloco compacto, originado do 1.6 16V flex do 307, foi praticamente inteiro modificado. Do antigo propulsor, apenas o diâmetro e o curso dos cilindros foi mantido. E além do sistema Flex Start (que pré-aquece o etanol antes de injetá-lo nos cilindros no momento da partida), o motor também possui comando variável das válvulas de admissão, recurso que busca melhorar o desempenho em baixos giros.

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Desde a versão básica o Peugeot 308 vem com rodas de liga leve de 16 polegadas; já os leds só na versão top

Com essa reunião das tecnologias e ajustes, eis o motor 1.6 litro nacional mais potente. Pelos dados da fábrica, são 115/122 cv (gasolina/etanol) e 15,5/16,4 kgfm de torque, força capaz de empurrar o 308 com eficiência. Nesse primeiro contato, o bloco compacto pareceu suficiente para o dia-a-dia na cidade. Em baixas rotações o desempenho não chega a surpreender, mas a partir dos 3.500 giros o motor despeja quase todo o torque, produzindo acelerações e retomadas interessantes. Um aspecto a destacar são os baixos níveis de ruído e vibração dentro da cabine.
As respostas imediatas da direção eletro-hidráulica também merecem elogios. Como de costume, a Peugeot deixou a direção mais “pesada”, para transmitir esportividade. Como resultado, nas curvas e retas o hatch médio transmite segurança e parece estar sempre firme sobre o asfalto. Outro aspecto que agradou bastante ao volante é a posição mais baixa do painel, que amplia o campo de visão. Há ajustes de altura e profundidade da coluna de direção e do assento do motorista desde a versão Active 1.6, itens que reforçam essa boa ergonomia, essencial para a vida urbana.

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Hatch médio da Peugeot é o primeiro do segmento no Brasil a oferecer a estilosa iluminação diurna por leds

Primeiras Impressões: 308 Feline 2.0 Automático
Para o lançamento, a Peugeot ofereceu todas as versões do 308 para o Brasil. Primeiro, escolhemos a Allure 1.6 para testar o novo motor. Depois, saltamos para a topo de linha Feline, na tentativa de entender qual o máximo que o modelo pode oferecer. Surpreendentemente, em relação ao acabamento pouco mudou: a versão mais cara do 308 tem couro, uma moldura mais sofisticada na base do console e o quadro de instrumentos de fundo branco – exclusivo das configurações automáticas. Ah, quase me esqueci, há o suntuoso teto solar panorâmico “Cielo”.
A Peugeot disse que vai surpreender o mercado com o teto solar a R$ 2.500 – é um dos poucos opcionais, ao lado da pintura metálica e do sistema de navegação por GPS (Wip Nav). A bordo do novo hatch, é preciso dizer: o item muda por completo a vida a bordo. A área envidraçada vai até a cabeça dos ocupantes do banco traseiro e oferece uma visão incrivelmente ampla. Por fora, os leds dianteiros dão outro aspecto ao modelo, que fica com visual bem mais moderno. O sistema de navegação por GPS dá o toque final, com uma moderna tela retrátil (escamoteável) no topo do console.

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Até o dia 7 de março, a Peugeot vai dar o teto solar panorâmico aos clientes que fizerem a reserva do 308

Somado a esses itens está o motor 2.0 flex, que oferece um rendimento mais condizente com o apelo esportivo trabalhado na suspensão e na direção. O volante, com pega mais anatômica que nas versões Active e Allure, enfim encontra o desempenho para transmitir esse “feeling” de arrojo. Mas, afinal, o que há de ruim? O câmbio automático sequencial de quatro velocidades. A Peugeot conta que trocou o conversor de torque, substituiu componentes hidráulicos e mexeu na central eletrônica, mudanças que reduziram o tempo das trocas de marcha.
Mas a verdade é que esse câmbio de quatro velocidades está ultrapassado e compromete não apenas o desempenho nas acelerações e retomadas, mas também o consumo de combustível. Durante o teste drive, o computador de bordo marcou média inferior a 5 km/l. Como atravessamos um trecho de serra, a marca sem dúvida pode ser melhor. De qualquer maneira, a transmissão é limitada e sente-se falta de um maior número de relações. Mas tirando o item, a verdade é que o 308 não apenas deixa o 307 no passado, como muda o paradigma no segmento de hatchs médios.

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Motor 2.0 flex deixa o 308 bem mais divertido, mas o bloco 1.6 com o inédito sistema Flex Start roubou a cena

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